Segundo escreveu Pedro Taques "A Nobre família de Penteados teve origem em S. Paulo em Francisco Rodrigues Penteado, natural de Pernambuco, para onde veio ser morador seu pai Manoel Corrêa com casa, saindo de Lisboa; e em Pernambuco se estabeleceu com negocio grande. Tendo este filho Francisco Rodrigues Penteado já bem instruído em artes liberais, sendo excelente e com muito mimo na de tanger viola, e destro na arte da música, seu pai o mandou a Lisboa sobre dependência de uma herança que ali tinha; o filho, porém, vendo-se em uma corte das mais nobres da Europa e com prendas para conciliar estimação, cuidou só no estrago que fez do cabedal que recebeu, consumindo em bom tratamento e amizades: Refletindo depois que não estava nos termos de dar satisfação da comissão com que passara de Pernambuco a Lisboa, embarcou na frota do Rio de Janeiro com Salvador Corrêa de Sá e Benevides em 1648, o qual tendo de passar a Angola, como passou, para a restaurar dos holandeses, o deixou na cidade do Rio muito recomendado pelo interesse de instruir nos instrumentos músicos a suas filhas e ao filho mais velho Martim Corrêa com quem estava unido pela igualdade dos anos. Do Rio de Janeiro, pela demora em Angola do dito Salvador Corrêa de Sá, que ficou feito general daquele reino, passou para a vila de Santos Francisco Rodrigues Penteado; e já desta vila subia para S. Paulo contratado para casar com uma sobrinha de Fernando Dias Paes, que foi quem o ajustou para este contrato". Depois de casado estabeleceu-se com fazenda de cultura no termo da vila de Parnaíba.

Casou-se Francisco Rodrigues Penteado em S. Paulo com Clara de Miranda f.ª de Antonio Rodrigues de Miranda, natural de Lamego, e de Potencia Leite, à pág. 135. Faleceu Francisco Rodrigues Penteado em 1673 com seu testamento em Parnaíba e sua mulher Clara de Miranda em 1682. Teve (C. O. de S. Paulo) os seguintes f.ºs.:

Francisco Rodrigues Penteado casou-se com sua prima Anna Ribeiro Leite, f.ª do capitão Paschoal Leite de Miranda e de Anna Ribeiro Leite, neste à pág. 112. Foi muito rico em conseqüência da exploração de ouro nas minas que descobriu nas Gerais. Faleceu em 1737 em Parnaíba e teve os 6 f.ºs. seguintes (C. O. de S. Paulo).

1-1 Cônego Lourenço Leite Penteado, segundo escreveu Pedro Taques, tomou o capelo de mestre em artes no colégio dos jesuítas de S. Paulo. Foi elevado à posição de cônego pelo 1.º bispo de S. Paulo Bernardo Rodrigues Nogueira em 1746. Por falecimento do bispo foi eleito em cabido vigário capitular do bispado e faleceu em 1752.

1-2 Padre José Manoel Leite Penteado tomou o capelo de mestre em artes no colégio dos jesuítas de S. Paulo e foi presbítero de S. Pedro. A seu respeito escreveu Pedro Taques:

"Passou para as minas de Cuiabá e depois se estabeleceu com numerosa escravatura nas do Mato Grosso. Gozou sempre de um respeito igual ao seu merecimento, porque foi afável, cortês, benigno e muito zeloso dos pobres e do real serviço, pelo qual não duvidou executar uma ação não só de crédito, mas também de igual perigo e grossa despesa.

Achava-se o inimigo castelhano no ano de 1762 ocupando já com mil e duzentas armas de soldados de tropas regladas do Peru e Buenos Aires, e grande corpo de índios, uma fortaleza constituída com grossa estacada na parte oposta da margem do rio Guaporé abaixo da barra do Rio Baurés com artilharia grossa, e por comandante dela D. Alonço Verdugo. Esta fortaleza impedia totalmente o passo e curso das barcas (em Mato Grosso chamam igarités a uns pequenos botes que servem para a navegação destes rios, por onde também andam botes grandes, vindos nas monções do Pará) que deviam dar o socorro de gente e de mantimentos ao nosso governador e capitão general D. Antonio Rolim de Moura, depois conde de Azambuja, que apenas se achava com cem homens. Este fidalgo se achava muito abaixo da fortaleza da barra do rio Mamoré, destituído totalmente de toda a esperança de ser socorrido, por se achar cercado de incultos sertões, cortados de pantanais atoladiços, que ainda não tinham sido penetrados dos sertanistas paulistas. Esta certeza fazia infalível o triunfo ao castelhano para dali passar a conquistar a Vila Bela. Constando o aperto em que se achava o dito general, formou o padre José Manoel Leite um corpo de armas dos seus familiares e escravos, e unindo a si alguns parentes como: João Raposo da Fonseca, f.º do capitão-mor José de Góes e Moraes (o qual João Raposo foi capitão-mor da Vila Bela desde 1788 e teve grande estabelecimento de lavras e engenho, e, por esse serviço feito em 1763 recebeu do conde de Azambuja em nome de S. Majestade o hábito de Cristo que não se verificou por não ter tido na corte quem cuidasse nisso), Sebastião Pinheiro Raposo f.º natural do brigadeiro Antonio de Almeida Lara; Bento Dias Botelho, natural de Itu, f.º de Paschoal de Arruda Botelho (o qual Bento Dias faleceu como capitão-mor da Vila Bela casado) e o socorro de 30 homens armados debaixo do comandante deles Domingos Moreira, enviados do Cuiabá em 1763 a sua custa pelo capitão José Paes Falcão (este grande socorro do capitão José Paes consta de documentos pertencentes aos filhos: o sargento-mor José Paes Falcão das Neves e ao capitão Salvador Paes Falcão; o primeiro dos quais fez outro semelhante, porém maior serviço no ano de 1766, apresentando-se a sua custa, e sem prêmio nem estipendio algum com 40 homens armados na fortaleza da Conceição, hoje chamada do Príncipe da Beira,

nas margens do Guaporé, distante mais de 200 léguas de Cuiabá, na qual residiu no serviço militar com toda a sua gente pelo espaço de dois anos, três meses e dezessete dias, que principiaram em 29 de Maio de 1766 e findaram em 15 de Setembro de 1768, com grande despesa e perca de jornais de 23 escravos, que entravam no número dos 40 soldados, tudo em tempo que governava as capitanias de Mato Grosso e Cuiabá João Pedro da Camara sobrinho direto do conde de Azambuja, a quem sucedeu no governo) empreendeu e conseguiu o dito padre José Manoel Leite socorrer ao general Moura para cuja fação de tanto crédito e utilidade, como depois mostrou o sucesso, se animou a navegar o rio Guaporé contra a força da artilharia do inimigo, que varejava, da fortaleza a impedir o socorro das barcas e canoas, e venceu dificuldades insuperáveis aos olhos dos que tinham conhecimento da natureza daqueles impedimentos. Este foi o tal socorro, com que se achou o general Moura, e constava só de homens armados sem mais disciplina que o ardor de baterem ao desigual poder do inimigo. O padre José Manoel foi o mestre de campo desta importantíssima conduta, que compreendia 40 escravos seus armados de espingardas, cujos jornais não duvidou perder, nem arriscar as suas vidas, quando ele mesmo expunha a sua e a de seus parentes com tanto ardor e despesa. O estado em que se achava o general Moura, antes de lhe chegar o inesperado socorro do padre José Manoel e seus parentes, consta de uma carta de 1763 ( não vem copiada). Nas minas de Mato Grosso faleceu o padre José Manoel Leite Penteado em 1768.

Na sua casa tinha hospital para curar os pobres enfermos das carneiradas chamadas sezões malignas; e liberalmente despendia todos anos grosso cabedal no curativo e sustento dos enfermos pobres, que a sua grande caridade amorosamente recolhia: e por isso não deixou ouro em pó, e somente a sua fabrica de minerar. E importaram os seus bens por inventário em 17.400 oitavas de ouro (que naquele tempo valia 1$500 cada oitava) as quais fazem 26:100$000 em reais. E ordenou no seu testamento que três mil cruzados se empregassem em escravos no Rio de Janeiro para trabalharem no engenho de açúcar, cujos rendimentos seriam para o patrimônio da sua capela de N. S. do Pilar, que ele havia fundado".

1-3 Francisco Xavier de Salles, escreveu Taques "tendo tomado o capelo de mestre em artes como seus irmãos e sendo excelente estudante, não quis seguir o estado sacerdotal, nem o de casado. Passou para as minas de Cuiabá, onde, tendo ocasião repetidas para adquirir grande cabedal, nenhum lhe chegava a satisfazer o ânimo, que passou a ser pródigo com desperdício. Naquelas minas se fez amado e respeitado geralmente dos naturais e estranhos. Teve sempre o 1.º voto em todas as assembléias da república, e foi sargento-mor do regimento que ali criou Rodrigo Cesar de Menezes passando a estas minas por ordem régia no ano de 1726 em que estava governador e capitão general de S. Paulo, donde saiu deixando em seu lugar governador interino o paulista coronel Domingos Rodrigues da Fonseca; e no trânsito que fez para o porto de Araritaguaba foi hospedado na casa de Francisco Rodrigues Penteado que o demorou, banqueteando-o três dias com toda a sua comitiva que era numerosa pelos muitos paulistas e europeus, que por obséquio o iam acompanhando até o dito porto, onde embarcou para o Cuiabá no dia 16 de julho do mesmo ano de 1726. Com a morte do cônego Lourenço Leite § 1.º saiu de Cuiabá para S. Paulo Francisco Xavier de Salles para tomar conta da casa e capela de N. S. da Piedade; porém, durou tão pouco tempo, que serviu a sua vinda para fazer mais sentida a sua morte aos parentes de S. Paulo, e faleceu em 1759 solteiro".

1-4 Sargento-mor João Leite Corrêa Penteado foi assistente algum tempo nas minas de Goiás; casou-se em 1745 por procuração em Parnaíba com Ignacia Bueno de Brito f.ª do capitão João Bicudo de Brito e de Margarida da Silva Bueno. Ocupou o cargo de juiz ordinário em S. Paulo em 1755 e o de sargento-mor dos auxiliares do regimento da comarca de S. Paulo, e faleceu em 1756, deixando (C. O. de S. Paulo) os 4 f.ºs.:

1-5 Paschoal Leite Penteado faleceu sem geração.

1-6 Ignácio Leite Penteado faleceu sem geração.

Antonio Rodrigues Penteado, foi morador em Sorocaba onde teve as rédeas do governo e casou-se com Maria de Almeida Lara f.ª do capitão-mor de Sorocaba Thomé de Lara de Almeida e da 1.ª mulher Maria de Almeida Pimentel. Tit. Taques Pompeus. Faleceu em 1728. Teve os 11 f.ºs. seguintes: (C. O. de Sorocaba).

1-1 Francisco Rodrigues Penteado.

1-2 Thomé de Lara Penteado casou-se em 1726 em Itu com Martha de Arruda f.ª de Francisco de Arruda e Sá e de Anna de Proença. Tit. Arrudas.

1-3 Amaro Rodrigues Penteado casou-se em 1736 em Itu com Francisca de Arruda f.ª de José de Arruda Botelho e de Antonia Corrêa da Silva. Tit. Arrudas. Sem geração.

1-4 José Rodrigues Penteado casou-se com Maria Pires de Arruda f.ª de Pedro Taques Pires e de Maria de Arruda. V. 2.º pág. 176.

1-5 Clara de Miranda casou-se em 1704 em Sorocaba com Sebastião de Arruda Botelho f.º de outro de igual nome e de Izabel de Quadros. Tit. Arrudas. Sem geração.

1-6 Maria de Almeida Pimentel casou-se com Miguel de Arruda e Sá, irmão de Sebastião de Arruda Botelho do § precedente. Com geração em Tit. Arrudas.

1-7 Ignacia de Almeida casou-se com Antonio de Arruda de S. Paio, falecido em 1729 em Sorocaba, f.º de André de S. Paio de Arruda e de Anna de Quadros. Com geração em Tit. Arrudas.

1-8 Andreza de Almeida Leite casou-se com Fernando de Almeida Leme, natural da ilha de S. Sebastião, f.º de Francisco de Almeida Cabral e de Maria de Cassere. Com geração no V. 2.º pág. 328.

1-9 Potencia Leite de Almeida casou-se com João de Arruda e Sá f.º de Francisco de Arruda e Sá e de Anna de Proença. Com geração em Tit. Arrudas.

1-10 Antonia de Almeida casou-se em 1729 em Sorocaba com João Pires de Arruda f.º de Pedro Taques Pires e de Maria de Arruda. V. 2.º pág. 176. Sem geração.

1-11 Anna de Almeida Lara, última f.ª do Cap. 2.º casou-se com Bartholomeu Bueno da Silva f.º de Antonio Bueno da Silva e de Bernarda Ortiz de Camargo. Com geração no V. 1.º pág. 507.

Andreza Leite faleceu solteira.

Manoel Corrêa Penteado, natural de S. Paulo, que foi morador em Araçariguama, adquiriu riqueza com a exploração de minas de ouro nas Minas Gerais, e foi proprietário de grande fazenda de cultura em Araçariguama termo de Parnaíba onde teve as rédeas do governo e foi pessoa de autoridade e veneração. Foi casado com Beatriz de Barros f.ª do capitão Pedro Vaz de Barros e de Maria Leite de Mesquita. Tit. Pedrosos Barros. Faleceu em 1745 e teve (C. O. de S. Paulo) os 6 f.ºs:

1-1 Padre José de Barros Penteado faleceu nas minas de Mato Grosso deixando grande fortuna que repartiu em legados pios deixando 4.000 cruzados a cada um de seus sobrinhos.

1-2 Capitão Fernão Paes de Barros foi morador em Parnaíba onde faleceu em 1755, e foi casado em 1731 em S. Paulo com Angela Ribeiro Leite, falecida em 1749, f.ª de Francisco Leite Ribeiro e de Maria de Cerqueira. Neste V. à pág. 112. É tradição corrente entre seus descendentes que foi o capitão Fernão Paes fiador de um espanhol que, tentando desviar o rio Tietê, no lugar denominado Rasgão, abaixo da capela de Pirapora, perdeu todo o seu trabalho comprometendo ao mesmo tempo os haveres do seu fiador deixando-o em condições precárias de fortuna. Entretanto, seus filhos se dirigiram às minas e adquiriram grande cabedal em ouro como veremos adiante. Teve: (C. O. de S. Paulo):

(1) O marques de Valença dr. Estevão Ribeiro de Rezende foi senador do Império por Minas Gerais, era condecorado com a grã-cruz da ordem de Cristo, dignitário da imperial ordem do Cruzeiro; foi 1.º juiz de fora de S. Paulo em 1810 e faleceu em 1856 no Rio de Janeiro. Foi f.º do cel. Severino Ribeiro, natural de Lisboa, e de d. Josepha Maria de Rezende, natural dos Prados (Minas Gerais) n. p. de Estevão Ribeiro e de d. Leonarda Maria de Sousa, naturais de Lisboa; n. m. de João de Rezende Costa, natural da ilha de Santa Maria, e de d. Helena Maria de Rezende, natural da ilha do Faial.